07/06/2013

Creio em Deus (CIC 198 a 231)

“A nossa profissão de fé começa por Deus, porque Deus é «o Primeiro e o Último» (Is 44, 6), o Princípio e o Fim de tudo. O Credo começa por Deus Pai, porque o Pai é a Primeira Pessoa divina da Santíssima Trindade; o nosso Símbolo começa pela criação do céu e da terra, porque a criação é o princípio e o fundamento de todas as obras de Deus”. – CIC 198

A afirmação mais importante e fundamental de todo o Credo é a primeira: Creio em Deus. Tudo mais gira em torno desta verdade de fé. O Catecismo ensina que da mesma forma que os mandamentos explicitam o primeiro deles, os artigos do credo dependem todos do primeiro. Inicialmente Deus convida à fé n’Ele e aos poucos vai se revelando.

I. Creio em um só Deus

“Deus é único; não há senão um só Deus: A fé cristã crê e professa que há um só Deus, por natureza, por substância e por essência” – CIC 200

Crer em Um só Deus implica em condenar o politeísmo. Afinal, “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro.” – Mt 6, 24. Quando Deus não é único Senhor, acontece a idolatria.


Mas o que é Idolatria?

Idolatrar é divinizar o que não é Deus, é criar, portanto, falsos deuses. Ao contrário do que podemos pensar, idolatria não é apenas o culto aos falsos deuses pagãos. Existem outras formas de idolatria que por vezes são ainda mais comuns: a idolatria da riqueza material, do poder; a idolatria do prazer e do corpo; idolatria do Estado, de ideologias; idolatria da razão e do ser humano, e tantas outras mais. Tudo aquilo que se coloca no lugar de Deus é um ídolo. Nos dias atuais o imediatismo tem criado uma enorme idolatria: a adoração do bem estar imediato. Nestes casos, Deus vem sempre em segundo plano, atrás do bem estar da pessoa, situação onde Deus é apenas um ponto de troca e refúgio: Eu quero ser curado, e tem que ser agora! Muitos esquecem-se que o mais importante não é a cura nesta vida, e  por vezes se por um acaso não acontece a tão aclamada cura, deixam de acreditar em Deus.

Outro tipo de idolatria crescente no mundo hodierno é o ateísmo! Alguns podem se escandalizar: - Mas como pode o ateísmo ser uma idolatria se esta ideologia nega a existência de Deus?

É simples: O ateísmo nega a existência de Deus, e ao negar a existência de Deus, o ateu idolatra a si mesmo, determinando o que é certo e o que é errado, dizendo o que é e o que não é. Na verdade, o ateu não suporta a ideia de obedecer a Deus, e por isso prefere determinar que Ele não existe. Então, se resolvido que Deus não existe, é a própria pessoa quem determina o que é certo e o que é errado, colocando-se claramente no lugar de Deus. Isso é, portanto, idolatria!

Crer somente em Deus significa escutar a Sua voz, e o amar acima de tudo:

“Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças.” – Dt 6, 4-5

Crer em Jesus é crer em um único Deus. Aparentemente parece algo contraditório, mas veremos que o próprio Jesus nos explica: “Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” – Mc 12, 29-30 e vai mais além: “Eu e o Pai somos um” – Jo 10, 30.

A Santa Igreja no IV Concílio de Latrão nos explica:

“Nós acreditamos com firmeza e afirmamos simplesmente que há um só Deus verdadeiro, imenso e imutável, incompreensível, todo-poderoso e inefável. Pai e Filho e Espírito Santo: três Pessoas, mas uma só essência, uma só substância ou natureza absolutamente simples”.

II. Deus Revela o seu nome:

Como já vimos em outros artigos, Deus se revelou aos poucos. Ele não se dá a conhecer inteiramente e nem de uma só vez. Inicialmente Deus se revela sem imagem e sem nome. Quem é o seu Deus? – É o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó.

Sabemos que existe um imenso abismo entre o homem e Deus por causa do pecado. Contudo, o próprio Deus, para nos fazer mais próximos d’Ele transpõe este abismo e aos poucos vai se fazendo conhecer. Deus em determinado momento revela o seu nome a Moisés, e deste modo torna-se mais “acessível”. Chamar pelo nome é sinal de intimidade, sinal de que pode ser chamado pessoalmente. O nome aproxima e cria intimidade. Pode-se perceber isso claramente no dia-a-dia: Imagine-se precisando falar com alguém cujo nome lhe é desconhecido. Você vê a pessoa do outro lado da rua e deseja chama-la. Aí então se recorda que não sabe o seu nome. Por receio, por timidez ou coisa parecida você deixa aquela pessoa ir-se embora e não consegue conversar com ela. Pois bem, para evitar que o nosso receio - oriundo da situação de queda em que nos encontramos - não nos permita aproximar de Deus e falar com Ele, Deus, que é todo amor, revela o seu nome e nos faz um pouco mais íntimos d’Ele.

Uma afirmação muito importante que o Catecismo traz é que: Deus é um Deus Vivo. Isso vem reforçar que Deus não é uma ideia morta, não é uma conceituação: Ele é o Deus Vivo e Verdadeiro.

O nome de Deus também é a recusa de um nome. E por vezes causa estranheza. É preciso notar que Deus se dá a conhecer, mas não o faz totalmente. Deus ainda nos é um grande mistério e também o Seu nome revela isso.

“Moisés disse a Deus: «Vou então procurar os filhos de Israel e dizer-lhes: "O Deus de vossos pais enviou-me a vós". Mas se me perguntarem qual é o seu nome, que hei-de responder-lhes? Deus disse a Moisés: «Eu sou Aquele que sou». E prosseguiu: «Assim falarás aos filhos de Israel: Aquele que tem por nome "Eu sou" é que me enviou a vós [...] ... Será este o meu nome para sempre, nome que ficará de memória para todas as gerações» (Ex ms, 13-15)”.

Deus não revela apenas o Seu nome, revela também que é amor, que é ternura, compaixão e fidelidade. Deus está sempre conosco. Por isso Ele é Aquele que É.

O Catecismo nos números 206 a 231 continua apresentando esta nossa fé no Deus único e verdadeiro. Estes números são bastante esclarecedores e de simples leitura, não sendo necessárias muitas explicações.


Boa Reflexão!
Luan Carlos Oliveira

Ouro Preto-MG

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