Antes de qualquer coisa, é preciso ter claro que: espiritualidade é um estado de vida! Não é uma simples ideia, mas um estilo de viver, um estado de comunhão e de Graça. A espiritualidade transcende o campo das ideias, das teorias e concepções, embora normalmente venha delas.
Somos imensamente distantes de Deus. O pecado causa isto em nós. É por causa do pecado, portanto, que existe um gigantesco abismo entre Deus e o Homem. Sendo assim, Deus em seu amor infinito, mesmo diante do pecado que assombra a nossa humanidade deseja tornar-nos ainda capazes de alcança-lo. Para tanto, considerando que sozinhos, que pelas nossas próprias forças, não somos suficientes, é Ele mesmo quem transpõe este abismo. Como Ele o faz? Pelo mistério da encarnação do Verbo Divino. Jesus fazendo-se homem dignifica o ser humano e o faz mais próximo de Deus.
Porém, na pedagogia divina, como podemos perceber nas páginas das Escrituras Sagradas, Deus não age sozinho. Existe sempre a parcela de contribuição do homem.
Pois bem, o fato de Deus vir ao nosso encontro não elimina a tarefa de irmos também nós até Ele. Ora, com tamanho presente, temos mais é que sair correndo como crianças para os braços do Pai! E devemos fazer isto com todo o nosso ser: com corpo e alma.
Quando, portanto, vamos ao encontro do Pai, elevamos a Ele o nosso espírito, que aqui poderemos chamar de alma (sem, no entanto, adentrar nos princípios filosóficos e teológicos). Espiritualidade é esta ação humana de elevar a nossa alma, que é eterna, para Deus. É o que diz o salmista: “Bendize ó minha alma o Senhor, e todo o meu ser seu santo nome” – Sl 103, 1.
O que é Espiritualidade, portanto? É direcionar todo o nosso ser para Deus, é ir ao encontro d’Ele incessantemente.
Mas como devemos fazemos isso? Qual é a melhor forma? Só existe uma e infalível maneira: a maneira de Jesus Cristo. Precisamos nos moldar a Cristo, precisamos ser cada dia mais parecidos com Ele, além de sermos seus verdadeiros seguidores e imitadores. Afinal, Jesus nos conduz ao Pai: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai a não ser por mim” – Jo 14, 6.
A mística da vida espiritual compreende um intenso relacionamento com Deus Pai, onde, à medida que elevamos para Ele o nosso espírito, somos agraciados por Ele com o Espírito Santo; com seus frutos, suas virtudes e seus dons.
Quando nos tornamos imitadores de Cristo, Este se torna um molde perfeito, onde podemos fazer-nos modelar e formar para a santidade.
Uma autêntica espiritualidade nos deixa como um “barro nas mãos do Oleiro” (cf. Jr 18, 6), deixando-nos transformar e modelar por Deus.
A vida espiritual pressupõe a liberdade interior. Nada neste mundo deve nos aprisionar. Aí percebemos também nossa dificuldade de largar a escravidão das seduções do mundo para servir somente a Deus.
Lembremos: Não existe verdadeira espiritualidade sem verdadeira ação! Desse modo, cresceremos na vida espiritual gradualmente, como instrumentos dóceis nas mãos de Deus. Pois, como já nos ensinava Santo Agostinho: “O nosso coração não descansará enquanto não repousar em Deus”.
“Bendize, ó minha alma, o Senhor! Senhor, meu Deus, como sois grande!” Sl 104, 1
Luan Carlos Oliveira
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