11/10/2013

As Imagens sagradas: I - Podemos usar imagens?

Os protestantes não se cansam de julgar a nós católicos de idólatras, porque – nas palavras deles – “os católicos adoram imagens e isso é condenado pela Bíblia”. Contudo, sabemos que se trata de uma grande mentira e, para evidenciar a verdade bíblica que a Igreja nos ensina, propomos algumas questões neste artigo.


Podemos usar imagens?

I. A acusação protestante:

Dizem os protestantes que segundo o que está na Bíblia, Deus proibiu fazer imagens:

“3. Não terás outros deuses diante de minha face. 4. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. 5. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto. Eu sou o Senhor, teu Deus, um Deus zeloso que vingo a iniqüidade dos pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos daqueles que me odeiam, 6. mas uso de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.” – Êxodo 20, 3-6.


“15. Maldito o homem que fabrica ídolo de madeira ou metal (abominação para o Senhor, obra de mãos de artesão), e o erige mesmo que seja em lugar escondido! E todo o povo responderá: Amém!” – Deuteronômio 27, 15.

Baseados nessas passagens os protestantes acusam a Igreja Católica de ser idólatra, porque ao fazer imagens está desobedecendo a ordem de Deus e criando ídolos.

II. A Verdade Bíblica:

De fato, como vimos, Deus fez uma proibição. Mas é preciso também entender porque Deus a fez e o que queria com essa ordem.

No primeiro trecho, retirado do livro do Êxodo, encontra-se a chave da interpretação da exigência de Deus:

Não terás outros deuses diante de minha face” (Ex 20, 3).

A grande e verdadeira proibição de Deus é esta: não adorar aos ídolos, não ter nenhum deus além d’Ele que é O Deus. O que Deus condena aqui é a idolatria advinda da utilização de imagens, o que Ele condena é a adoração às imagens (cf. Ex 20, 5), pois somente Ele pode ser adorado.

Esta interpretação isolada não é suficiente para provar que as imagens podem ser utilizadas, por isso acrescentamos a ela provas bíblicas maiores:

“16. Dentro da arca, coloque o documento da aliança que darei a você. 17. Faça também uma placa de ouro puro, com cento e vinte e cinco centímetros de comprimento, por setenta e cinco de largura. 18. Nas duas extremidades da placa, faça dois querubins de ouro batido: 19. cada um sairá de um extremo da placa e 20. a cobrirão com as asas estendidas para cima. Estarão diante um do outro, olhando para o centro da placa. 21. Cubra a arca com a placa, e dentro guarde o documento da aliança que darei a você. 22. Aí me encontrarei com você; e, de cima da placa, do meio dos querubins que estão sobre a arca da aliança, direi a você tudo o que deve ordenar aos filhos de Israel.” – Êxodo 25, 16-22

“7. O povo disse a Moisés: "Pecamos, falando contra Javé e contra você. Suplique a Javé que afaste de nós estas serpentes". Moisés suplicou a Javé pelo povo. 8. E Javé lhe respondeu: "Faça uma serpente venenosa e coloque-a sobre um poste: quem for mordido e olhar para ela, ficará curado". 9. Então Moisés fez uma serpente de bronze e a colocou no alto de um poste. Quando alguém era mordido por uma serpente, olhava para a serpente de bronze e ficava curado. – Números 21, 7-9.

Note-se que era do meio das imagens dos querubins que Deus mandou construir que Ele falava aos israelitas (Ex 25, 22). Portanto, as imagens tinham uma importância: as suas asas estendidas eram como uma proteção, um véu a cobrir aquele propiciatório, lugar da presença de Deus.

Nas citações bíblicas acima, vemos que o próprio Deus mandou construir imagens. Perceba-se que no mesmo livro (Êxodo) Deus proíbe a construção de imagens (Ex 20, 3-6) e depois manda que as construa (Ex 25, 16-22).


Existem outros exemplos bíblicos do uso das imagens:

Fez no santuário dois querubins de pau de oliveira, que tinham dez côvados de altura” – I Reis 6, 23.

Nos painéis enquadrados de molduras, havia leões, bois e querubins, assim como nas travessas igualmente. Por cima e por baixo dos leões e dos bois pendiam grinaldas em forma de festões.” – I Reis 7, 29

Para o interior do Santo dos Santos, mandou esculpir dois querubins e os revestiu de ouro.” – II Crônicas 3, 10

O rei mandou fazer uma cortina em púrpura violeta, carmesim e linho fino, e nela mandou bordar querubins.” – II Crônicas 3, 14

Nos exemplos acima vemos as imagens presentes no Templo de Jerusalém, cuja construção foi empreendida pelo Rei Salomão.


O que devemos seguir? O que devemos então entender?

- Devemos seguir as duas ordens! Mas é preciso entender o que elas significam.

No primeiro momento é imprescindível compreender aquilo que já falamos acima acerca da proibição da construção de imagens: A proibição de Deus refere-se à idolatria! O que Deus abomina é a idolatria a outros deuses, pois são falsos. Esta aparente contradição de Deus, na verdade, compreendida no sentido em que foi determinada não acontece de forma alguma.

Deus dá uma ordem, mas esta ordem não é absoluta. Arrisco dizer até que é uma ordem pedagógica.

Uso aqui de uma simples e pobre comparação: Um pai quando vê seu filho com uma faca bem cortante nas mãos. O repreende e o proíbe de pegar a faca. Passado algum tempo, aquele filho já cresceu e o pai o pede que pegue a faca para ele. O pai ao proibir o seu filho de pegar a faca não deu uma ordem absoluta. Só proibiu porque seu filho não saberia utilizar a faca e poderia se cortar. Mas tarde, quando já saberia fazer bom uso dela, sem muitos perigos, a poderia utilizar sem problemas. Ou seja: o problema não está na faca. A faca em si é boa e eficiente, e em determinados casos, necessária.

Do mesmo modo agiu Deus. Devido ao perigo da idolatria primeiro proibiu a confecção delas. Mas o que queria realmente com isso é que não colocassem outros deuses em seu lugar. Posteriormente manda que façam imagens, porque as imagens tem sua utilidade e por isso podem ser usadas. A diferença aqui não está na imagem, mas no tratamento que se dá a ela.

Mesmo depois de crescido, aquele filho por um descuido ao utilizar a faca, poderia se cortar. Assim também aconteceu com a serpente que Deus mandou construir. Em um determinado momento, aquela serpente foi destruída por Ezequias, Filho de Acaz, rei de Judá, pois o povo a estava adorando, prestando o culto que somente deveria ser prestado a Deus (cf. 2 Reis 18, 4). Ressalte-se que nem por este erro podemos dizer que as imagens não podem, ou não devem ser feitas por poderem ser utilizadas como forma de idolatria, pois caso contrário, seria dizer que Deus errou ao mandar fazê-las. Este episódio, ao contrário do que afirmam os protestantes não significa que as imagens não devem ser feitas. Antes, é um alerta para o seu uso correto.

Mesmo sendo uma comparação simples e não literal talvez sirva para o entendimento de alguém.


Concluímos que as imagens podem ser sim utilizadas. Caso contrário Deus não mandaria que as fizessem. Mas é necessário utilizá-las corretamente, sem que a elas se renda o culto que é próprio e único a Deus.


Luan Carlos Oliveira
Ouro Preto – MG

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