09/09/2013

Quem como Deus?

Estamos no 22º dia da quaresma de São Miguel. Tempo de penitência e oração para a edificação e purificação de nossa alma. Um tempo onde se expressa a devoção a este Santo anjo que, como todos os santos, nos é um exemplo de amor e fé. Mas o que faz com que São Miguel nos seja um exemplo? Analisando a ordem dos nove coros de anjos, percebemos que os arcanjos são o segundo coro mais baixo da hierarquia angélica (estando acima apenas dos anjos). O que fez com que ele se tornasse príncipe da milícia celeste?

“Dentre os anjos fiéis a Deus, no meio de todas essas lutas houve um anjo que se destacou. Não se tratava de um anjo superior, mas o seu amor era superior [...] Foi ele que no momento mais escuro, na hora mais terrível no qual as multidões começaram a duvidar, no meio do silêncio geral gritou:
- Quem como Deus!” ¹



Tão aclamada oração! Assim Mika-el (Quem como Deus) mostra o poder que faz o mar se agitar e a terra tremer quando ele das alturas desce, como já diria Kelly Patrícia em sua musica destinada ao anjo. Mostra assim, o que o fez santo: A Humildade.

Este pequeno anjo, perto da sabedoria e hegemonia de seu adversário na batalha de ideias que se seguia nos céus, agitando os corações daqueles que estavam no entorno do embate, disse esta pequena frase com toda sua força e convicção. Quem é como Deus para julgar o Próprio Deus? Quem tem o poder para dizer que Deus está errado?

Eis ai a verdadeira espada de Miguel, que já foi retratada em seriados como lanças, espadas brilhantes e até caçadores de fantasmas.


Levando este ensinamento para nossas vidas, estamos realmente nos espelhando no pequeno Miguel, que de pequeno se fez grande, pois seu amor por Deus era superior?

A cada dia que passa, é mais comum julgarmos a atitude de outros. Tornamos-nos juízes da condenação e salvação de todos. Analisamos e criticamos a atitude de muitos sem primeiramente analisarmos nossas atitudes. Estamos sendo coerentes como foi o nosso defensor no combate espiritual?

Lembremo-nos sempre: Quem como Deus? Quem como Deus para julgar o irmão, sem, utilizando da caridade, tentar orientar ou entender o que este tem passado?

São Padre Pio de Pietrelcina, não poucas vezes, exortou severamente aqueles que o seguiam a não julgar o próximo, mas sim ajuda-lo a estar próximo daquele que “faz nova todas as coisas”, ajuda-lo a estar perto daquele que disse as palavras que foram descritas por Mateus no sétimo capitulo do seu evangelho:

“1. Não julgueis, e não sereis julgados. 2. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. 3. Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? 4. Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? 5. Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão.” ²

Neste tempo de quaresma, espelhemo-nos no guerreiro da fé que salvou tantos anjos de cair na mesma condenação que o primeiro a julgar caiu. E roguemos a este anjo que, mesmo maior que nós, pôs-se a serviço de Deus para nos auxiliar em nossa caminhada contra aquilo que foi invenção dos anjos, com o objetivo de assim estarmos também na vida eterna. Roguemos também a Santíssima sempre Virgem Maria, aquela que viveu guardando tudo em seu coração, que como são Miguel sabia que ninguém é como Deus, que consigamos a graça da humildade e da fé.

Por fim, peçamos ao Nosso Senhor Jesus Cristo, que com as palavras da sua Boa Nova, e o Teu Santo Corpo entregue por nós como alimento na eucaristia, nos faça como tantos santos que amaram ao invés de julgar, e nos conduza a vida eterna onde seremos livres de todo julgamento. Pois o Julgamento Daquele que tem o poder de nos julgar, já terá sido realizado.

Pax et bonum!

                                                                                                         
Mateus Cantele Xavier Dutra.

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Referências:

[1] FORTEA, José Antônio. Historia do mundo dos anjos. São Paulo: Palavra & Prece, 2012. Pg 63.
[2] Bíblia Sagrada, Edição catequética popular, São Paulo: Editora Ave Maria, 2007.

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