"Eu reconheço que tudo podes e que nenhum dos teus projetos fica sem realização”. – Jó 42,2
Poucas são as vezes em que refletimos sobre a onipotência de Deus. Esta realidade deveria ser diferente, pois reconhecer que Deus é Todo-Poderoso é dar imenso sentido à fé que professamos. O Catecismo da Igreja Católica afirma que “De todos os atributos divinos, só a onipotência é nomeada no Símbolo: confessá-la é de grande importância para a nossa vida.”- CIC 268
A Onipotência de Deus é Universal.
O primeiro grande atributo da onipotência divina é a sua universalidade. Ao afirmarmos que a onipotência de Deus é universal, reconhecemos que Deus governa tudo e tem poder sobre tudo. Portanto, nada escapa à onipotência divina uma vez que todas as coisas foram criadas por Deus.
“As Sagradas Escrituras confessam, a cada passo, o poder universal de Deus. Ele é chamado «o Poderoso de Jacó» (Gn 49, 24; Is 1, 24: etc.) «o Senhor dos Exércitos», «o Forte, o Poderoso» (SI 24, 8-10). Se Deus é omnipotente «no céu e na terra» (Sl 135, 6), é porque foi Ele quem os fez. Portanto, nada Lhe é impossível (92) e Ele dispõe à vontade da sua obra (93); Ele é o Senhor do Universo, cuja ordem foi por Ele estabelecida e Lhe permanece inteiramente submissa e disponível; Ele é o Senhor da história; governa os corações e os acontecimentos segundo a sua vontade (94): «O vosso poder imenso sempre vos assiste – e quem poderá resistir à força do Vosso braço?» (Sb 11, 21).” – CIC 269.
A Onipotência de Deus é amor:
A onipotência divina é baseada no amor. Ora, o amor de Deus é concretizado em nossa vida pela sua ação onipotente. Se Deus não fosse onipotente como poderia nos ajudar? Como poderia então ser nosso auxílio? - Se Deus não fosse todo-poderoso a situação seria esta: temos um Deus nos ama, quer ser nosso auxílio mas não pode fazer isso. Diante desse fato, toda a economia divina da nossa salvação ficaria fracassada.
“Deus é o Pai todo-poderoso. A sua paternidade e o seu poder esclarecem-se mutuamente. Com efeito, Ele mostra a sua omnipotência paterna pelo modo como cuida das nossas necessidades pela adoção filial que nos concede («serei para vós um Pai e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor todo poderoso»: 2 Cor 6, 18); enfim, pela sua infinita misericórdia, pois mostra o seu poder no mais alto grau, perdoando livremente os pecados.” – CIC 270
Importante notar esta grande marca do amor de Deus: Ele nos perdoa livremente e isso prova que sua onipotência baseia-se no amor.
“Deus manifesta a sua onipotência convertendo-nos dos nossos pecados e restabelecendo-nos na sua amizade pela graça («Deus qui omnipotentiam tuam parcendo maxime et miserando manifestas» – «Senhor; que dais a maior prova do vosso poder quando perdoais e Vos compadeceis»” – CIC 277
A Onipotência de Deus é Mistério:
É impossível sondarmos por inteiro a onipotência de Divina. E nesse aspecto, surge então um importante questionamento: A experiência do mal e do sofrimento não são indícios de uma impotência de Deus? Ou ainda: Seria Deus incapaz de impedir o mal?
Antes de qualquer afirmação antecipada é necessário perceber que o mal não é criado por Deus. O mal é a ausência do bem, assim como a escuridão é a ausência de luz. Ou seja: o mal é uma consequência da ausência de Deus, devido ao pecado. Não se trata de dizer que quem sofre está sendo castigado por ter cometido algum pecado. A realidade é que por vivermos no mundo em que existe o mal (por consequência do pecado), ou seja: pela recusa, pelo afastamento de Deus, ficamos então suscetíveis ao mal.
Contudo, perceba-se que o mal não é um desejo de Deus. Mas porque Deus permite o mal então?
Deus tem um plano de amor para nós. A maior prova disso foi a entrega de seu Filho para morrer na cruz em vista da nossa Salvação. Pois bem: este é o desejo, o plano de Deus: a nossa Salvação. Ele quer nos levar para o céu.
Contudo, Deus em sua sabedoria divina sabe aproveitar do mal para tirar dele um bem maior. Isto é: Deus nos permite o mal para que superando-o gradativamente tenhamos condições de vencer os nossos pecados e alcançar a vida eterna junto d’Ele.
Deus é Pai. E como pai, cuida de seus filhos. Podemos comparar a uma costumeira situação:
Suponhamos que uma criança se machuque enquanto brinca e, por conta disso vai chorando ao encontro de seu pai. Este, por sua vez, ao olhar para o sofrimento do filho leva-o ao médico para que possa ser tratado. O médico então começa a fazer um curativo que naturalmente ocasiona dores à criança. A criança fica se perguntando porque o seu pai não faz nada para impedir aquela dor causada pelo médico, fica sem entender porque o seu pai não impedira o médico de lhe fazer mal. Todavia, esta criança não sabe que a ação do pai é um gesto de amor. Concluímos portanto, que para que um bem maior acontecesse, aquela criança teve que passar pela experiência do sofrimento, ou do “mal”. Deus é este pai zeloso que cuida de seus filhos e lhes permite o mal para que sejam restaurados, curados. Indo mais além: toda a ação de Deus é para a nossa salvação.
O maior exemplo é este: Deus permitiu o mal até mesmo ao Seu Filho Jesus, entregando-o como sacrifício na cruz para nos salvar.
“A fé em Deus Pai todo-poderoso pode ser posta à prova pela experiência do mal e do sofrimento. Por vezes, Deus pode parecer ausente e incapaz de impedir o mal. Ora, Deus Pai revelou a sua omnipotência do modo mais misterioso, na humilhação voluntária e na ressurreição de seu Filho, pelas quais venceu o mal. Por isso, Cristo crucificado é «força de Deus e sabedoria de Deus. Pois o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens, e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens» (1 Cor 1, 25). Foi na ressurreição e na exaltação de Cristo que o Pai «exerceu a eficácia da [sua] poderosa força» e mostrou a «incomensurável grandeza que representa o seu poder para nós, os crentes» (Ef 1, 19-22).” – CIC 272
Esta é a prioridade de Deus: a nossa salvação. Ele deseja que sejamos felizes aqui nesta vida terrena, mas a sua prioridade é a vida eterna junto d’Ele. Por isso até mesmo Jesus, enquanto viveu neste mundo passou pelo sofrimento, nos deixando a indicativa: “Neste mundo vocês terão aflições, mas tenham coragem; eu venci o mundo.” – Jo 16, 33
É sobretudo neste aspecto que a onipotência de Deus nos conforta e nos dá esperança. Mesmo que sujeitos ao sofrimento e o mal, temos em Deus a nossa fortaleza. Ele tudo pode realizar!
Por vezes vemos pessoas (inclusive muitos padres) incomodadas ao dizer ou ouvir a expressão de nossa fé: “Deus Todo-poderoso”. Para alguns parece algo muito tirano, que distancia o povo de Deus. Nas Missas, chegam até mesmo a substituir esta expressão por outras do tipo: “Deus todo-misericordioso”. Vemos aí um forte e grande equívoco. O fato de Deus ser todo-poderoso não é outra coisa senão a nossa esperança, é o nosso conforto por saber que tudo é possível a Deus e, portanto Ele pode ajudar-nos e salvar-nos.
Conclusão:
Mesmo trilhando estes caminhos da onipotência divina percebemos que de qualquer forma trata-se de um grande mistério de Deus, projeto do seu amor e da sua sabedoria infinita. Basta-nos saber aquilo que Ele nos quis revelar e que a Igreja nos ensina: Sua onipotência é universal, é amor e mistério (cf. CIC 268). Concluímos que crer na onipotência de Deus nos é necessário para compreender as suas obras, por isso é uma verdade de fé.
Fica então o importante questionamento:
“Se não crermos que o amor de Deus é onipotente, como poderemos crer que o Pai pôde criar-nos, o Filho remir-nos e o Espírito Santo santificar-nos?” – CIC 278
Louvemos pois ao nosso Deus Pai Todo-Poderoso!
Luan Carlos Oliveira
Ouro Preto-MG
luanjuvenato@yahoo.com.br
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Referências: www.padrepauloricardo.org
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