A fé pressupõe a Graça de Deus. É pela fé recebida de Deus que se pode crer. Porém, crer implica também aquilo em que se crê. Ou seja: É necessário conhecer o conteúdo da fé!
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No que nós cremos? – ou, em outras palavras: qual é a nossa doutrina? – Cremos que Deus é Uno e Trino, que Ele criou o céu e a terra, que nos deu Jesus seu filho único que nasceu da Virgem Maria, que remiu nossos pecados e nos reconciliou com o Pai e etc...
Para introduzir o estudo deste conteúdo da fé, o Catecismo da Igreja Católica afirma no número 185:
“Dou a minha adesão àquilo em que nós cremos. A comunhão na fé tem necessidade duma linguagem comum da fé, normativa para todos e a todos unindo na mesma confissão de fé”.
Porque é necessária uma linguagem comum?
A fé católica é UNA. Isso a difere das seitas protestantes que pregam cada uma alguma doutrina diferente. A linguagem comum da fé permite que se preserve única a fé professada. A linguagem comum evita confusões e divisões. É preciso salientar que não cremos em fórmulas prontas, mas na realidade que elas expressam (cf. CIC 170).
No número 186 o Catecismo recorda que desde o início da Igreja foram criadas e utilizadas fórmulas que sintetizavam e normatizavam a fé professada. Principalmente para os candidatos ao batismo eram organizados resumos com o conteúdo essencial da fé. São Cirilo de Jerusalém afirma: “Esta síntese da fé não foi feita segundo as opiniões humanas: mas recolheu-se de toda a Escritura o que nela há de mais importante, para apresentar na integra aquilo e só aquilo que a fé ensina”.
A estes resumos, sínteses da fé, damos o nome de “Símbolos da fé” ou ainda como mais popularmente se conhece como “Profissões de Fé”. De fato, é a profissão da fé da Igreja que se realiza mediante a adesão pessoal: Eu creio! Chamamos também estes símbolos de “Credo” por causa da palavra que normalmente iniciam. Do latim "Credo", traduzimos: "Creio".
O que é um símbolo?
O Catecismo responde:
“A palavra grega «symbolon» significava a metade dum objeto partido (por exemplo, um selo), que se apresentava como um sinal de identificação. As duas partes eram justapostas para verificar a identidade do portador. O «símbolo da fé» é, pois, um sinal de identificação e de comunhão entre os crentes. «Symbolon» também significa resumo, colectânea ou sumário. O «símbolo da fé» é o sumário das principais verdades da fé. Por isso, serve de ponto de referência primário e fundamental da catequese”. – CIC 188
No início da Igreja, sobretudo devido às constantes perseguições, era necessário distinguir o verdadeiro cristão de um herege. Quando alguma pessoa chegava a uma comunidade cristã (uma diocese, por exemplo) e queria participar da Eucaristia, o bispo, para verificar se não se tratava de um herege infiltrado questionava: Qual é a sua fé? – Então antes de participar da missa, aquela pessoa tinha que falar o conteúdo da sua fé para o bispo, para que ele averiguasse se não avia nada herético. – já aí vemos um símbolo da fé.
Por isso em toda missa dominical, antes de participar da Eucaristia nós professamos a nossa fé com o símbolo.
A primeira profissão de fé é feita por ocasião do batismo (cf. 189). Ao enviar os discípulos e missão Jesus lhes ordenou: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” – Mt 28, 19. Por isso a profissão de fé realizada no batismo refere-se às três pessoas da Santíssima Trindade.
“O Símbolo divide-se, portanto, em três partes: «na primeira, trata da Primeira Pessoa divina e da obra admirável da criação: na segunda, da Segunda Pessoa divina e do mistério da Redenção dos homens; na terceira, da Terceira Pessoa divina, fonte e princípio da nossa santificação». São estes «os três capítulos do nosso selo [batismal]”. – CIC 190
Ao longo da história da Igreja foram formulados diversos símbolos de acordo com a necessidade apresentada. “Nenhum dos símbolos dos diferentes períodos da vida da Igreja pode ser considerado ultrapassado ou inútil. Todos nos ajudam a abraçar e a aprofundar hoje a fé de sempre, através dos diversos resumos que dela se fizeram.” – CIC 193
Dentre os símbolos, existem dois que ocupam um lugar de privilégio na Igreja: O Símbolo dos Apóstolos e o Símbolo Niceno-Constantinipolitano.
SÍMBOLO DOS APÓSTOLOS | CREDO DE NICEIA–CONSTANTINOPLA |
Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra; | Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. |
e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, | Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação desceu dos Céus. |
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; | E encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e Se fez homem. |
padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos Céus; está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos. | Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai. De novo há-de vir em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim. |
Creio no Espírito Santo; | Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas. |
na santa Igreja Católica; na comunhão dos Santos; | Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica. |
na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; na vida eterna. Amém | Professo um só Baptismo para remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos, e a vida do mundo que há-de vir. Amém. |
O Símbolo dos Apóstolos: “assim chamado porque se considera, com justa razão, o resumo fiel da fé dos Apóstolos. É o antigo símbolo baptismal da Igreja de Roma. A sua grande autoridade vem-lhe deste facto: É o símbolo adoptado pela Igreja romana, aquela em que Pedro, o primeiro dos Apóstolos, teve a sua cátedra, e para a qual ele trouxe a expressão da fé comum”. – CIC 194
O Símbolo Niceno-Constantinopolitano: “deve a sua grande autoridade ao fato de ser proveniente desses dois primeiros concílios ecumênicos (dos anos de 325 e 381). Ainda hoje continua a ser comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente”. – CIC 195
O Catecismo conclui sua explicação dos símbolos com sábias palavras:
“Como no dia do nosso Batismo, quando toda a nossa vida foi confiada «a esta regra de doutrina» (Rm 6, 17), acolhemos o Símbolo da nossa fé que dá a vida. Recitar com fé o Credo é entrar em comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. E é também entrar em comunhão com toda a Igreja, que nos transmite a fé e em cujo seio nós acreditamos”. – CIC 197
Fica-nos o ensinamento de Santo Ambrósio:
«Este Símbolo é o selo espiritual [...], é a meditação do nosso coração e a sentinela sempre presente; é, sem dúvida, o tesouro da nossa alma».
Boa Reflexão!
Luan Carlos Oliveira
Ouro Preto-MG
luanjuvenato@yahoo.com.br
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