05/04/2013

Os Símbolos da Fé (CIC 185 a 197)


A fé pressupõe a Graça de Deus. É pela fé recebida de Deus que se pode crer. Porém, crer implica também aquilo em que se crê. Ou seja: É necessário conhecer o conteúdo da fé!

Em quem nós cremos? – Eis uma pergunta de simples resposta. Até mesmo aqueles que não creem sabem a nossa resposta: - Cremos em Deus! Contudo, existe ainda algo um pouco mais complicado de se responder:

No que nós cremos? – ou, em outras palavras: qual é a nossa doutrina? – Cremos que Deus é Uno e Trino, que Ele criou o céu e a terra, que nos deu Jesus seu filho único que nasceu da Virgem Maria, que remiu nossos pecados e nos reconciliou com o Pai e etc...

Para introduzir o estudo deste conteúdo da fé, o Catecismo da Igreja Católica afirma no número 185:

“Dou a minha adesão àquilo em que nós cremos. A comunhão na fé tem necessidade duma linguagem comum da fé, normativa para todos e a todos unindo na mesma confissão de fé”.

 

Porque é necessária uma linguagem comum?


A fé católica é UNA. Isso a difere das seitas protestantes que pregam cada uma alguma doutrina diferente. A linguagem comum da fé permite que se preserve única a fé professada. A linguagem comum evita confusões e divisões. É preciso salientar que não cremos em fórmulas prontas, mas na realidade que elas expressam (cf. CIC 170).

No número 186 o Catecismo recorda que desde o início da Igreja foram criadas e utilizadas fórmulas que sintetizavam e normatizavam a fé professada. Principalmente para os candidatos ao batismo eram organizados resumos com o conteúdo essencial da fé. São Cirilo de Jerusalém afirma: “Esta síntese da fé não foi feita segundo as opiniões humanas: mas recolheu-se de toda a Escritura o que nela há de mais importante, para apresentar na integra aquilo e só aquilo que a fé ensina”.

A estes resumos, sínteses da fé, damos o nome de “Símbolos da fé” ou ainda como mais popularmente se conhece como “Profissões de Fé”. De fato, é a profissão da fé da Igreja que se realiza mediante a adesão pessoal: Eu creio! Chamamos também estes símbolos de “Credo” por causa da palavra que normalmente iniciam. Do latim "Credo", traduzimos: "Creio".


O que é um símbolo?


O Catecismo responde:

“A palavra grega «symbolon» significava a metade dum objeto partido (por exemplo, um selo), que se apresentava como um sinal de identificação. As duas partes eram justapostas para verificar a identidade do portador. O «símbolo da fé» é, pois, um sinal de identificação e de comunhão entre os crentes. «Symbolon» também significa resumo, colectânea ou sumário. O «símbolo da fé» é o sumário das principais verdades da fé. Por isso, serve de ponto de referência primário e fundamental da catequese”. – CIC 188

No início da Igreja, sobretudo devido às constantes perseguições, era necessário distinguir o verdadeiro cristão de um herege. Quando alguma pessoa chegava a uma comunidade cristã (uma diocese, por exemplo) e queria participar da Eucaristia, o bispo, para verificar se não se tratava de um herege infiltrado questionava: Qual é a sua fé? – Então antes de participar da missa, aquela pessoa tinha que falar o conteúdo da sua fé para o bispo, para que ele averiguasse se não avia nada herético. – já aí vemos um símbolo da fé.
Por isso em toda missa dominical, antes de participar da Eucaristia nós professamos a nossa fé com o símbolo.

A primeira profissão de fé é feita por ocasião do batismo (cf. 189). Ao enviar os discípulos e missão Jesus lhes ordenou: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” – Mt 28, 19. Por isso a profissão de fé realizada no batismo refere-se às três pessoas da Santíssima Trindade.

“O Símbolo divide-se, portanto, em três partes: «na primeira, trata da Primeira Pessoa divina e da obra admirável da criação: na segunda, da Segunda Pessoa divina e do mistério da Redenção dos homens; na terceira, da Terceira Pessoa divina, fonte e princípio da nossa santificação». São estes «os três capítulos do nosso selo [batismal]”. – CIC 190

Ao longo da história da Igreja foram formulados diversos símbolos de acordo com a necessidade apresentada. “Nenhum dos símbolos dos diferentes períodos da vida da Igreja pode ser considerado ultrapassado ou inútil. Todos nos ajudam a abraçar e a aprofundar hoje a fé de sempre, através dos diversos resumos que dela se fizeram.” – CIC 193

Dentre os símbolos, existem dois que ocupam um lugar de privilégio na Igreja: O Símbolo dos Apóstolos e o Símbolo Niceno-Constantinipolitano.

SÍMBOLO DOS APÓSTOLOS
CREDO DE NICEIA–CONSTANTINOPLA
Creio em Deus, Pai todo-poderoso,
Criador do Céu e da Terra;
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso,
Criador do Céu e da Terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.
e em Jesus Cristo, seu único Filho,
nosso Senhor,
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigénito de Deus,
 nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E por nós, homens, e para nossa salvação
desceu dos Céus.
que foi concebido pelo poder
do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria;
E encarnou pelo Espírito Santo,
 no seio da Virgem Maria,
e Se fez homem.
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos Céus;
está sentado à direita de Deus Pai
todo-poderoso, de onde há-de vir a julgar
os vivos e os mortos.
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras;
e subiu aos Céus, onde está sentado
à direita do Pai.
De novo há-de vir em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu Reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo;
Creio no Espírito Santo,
Senhor que dá a vida,
e procede do Pai e do Filho;
e com o Pai e o Filho é adorado
e glorificado:
Ele que falou pelos profetas.
na santa Igreja Católica;
na comunhão dos Santos;
Creio na Igreja una, santa,
católica e apostólica.  
na remissão dos pecados;
na ressurreição da carne;
na vida eterna.
Amém
Professo um só Baptismo
para remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos,
e a vida do mundo que há-de vir.
Amém.


O Símbolo dos Apóstolos: “assim chamado porque se considera, com justa razão, o resumo fiel da fé dos Apóstolos. É o antigo símbolo baptismal da Igreja de Roma. A sua grande autoridade vem-lhe deste facto: É o símbolo adoptado pela Igreja romana, aquela em que Pedro, o primeiro dos Apóstolos, teve a sua cátedra, e para a qual ele trouxe a expressão da fé comum”. – CIC 194
O Símbolo Niceno-Constantinopolitano: “deve a sua grande autoridade ao fato de ser proveniente desses dois primeiros concílios ecumênicos (dos anos de 325 e 381). Ainda hoje continua a ser comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente”. – CIC 195

O Catecismo conclui sua explicação dos símbolos com sábias palavras:

“Como no dia do nosso Batismo, quando toda a nossa vida foi confiada «a esta regra de doutrina» (Rm 6, 17), acolhemos o Símbolo da nossa fé que dá a vida. Recitar com fé o Credo é entrar em comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. E é também entrar em comunhão com toda a Igreja, que nos transmite a fé e em cujo seio nós acreditamos”. – CIC 197

Fica-nos o ensinamento de Santo Ambrósio:

«Este Símbolo é o selo espiritual [...], é a meditação do nosso coração e a sentinela sempre presente; é, sem dúvida, o tesouro da nossa alma».

Boa Reflexão!

Luan Carlos Oliveira
Ouro Preto-MG
luanjuvenato@yahoo.com.br

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