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Brasão da Sé Vacante |
A Igreja espera pelo novo sucessor de Pedro, pelo novo sumo pontífice, o qual a governará com os auxílios do Espírito Santo. Durante o período de Sede Vacante¹ irrompe-se no nosso coração uma grandiosa diversidade de sentimentos - dotados de receios, mas também de esperanças; de suposições, mas também de uma certeza: Cristo está com a Sua Igreja! - Tal certeza não nos deve escapar, para que, cheios de fé possamos acolher aquele que será escolhido pelo Espírito Santo para ser o novo Sumo Pontífice.
Proponho aqui algumas reflexões, para este período de Sede Vacante, que por providência divina ocorre em período quaresmal.
Neste tempo, a Igreja está em solene vigília: a vigília da fé, da esperança e da caridade. Vigília da fé, que crê em Deus Todo-poderoso, que não nos abandona, mas ao contrário, nos ampara neste mundo. Vigília de Esperança, de conhecer a Deus e amá-Lo incessantemente. Vigília da Caridade, que é a força que impulsiona toda a ação salvífica da Igreja.
Questiono-me, se realmente estamos nós, católicos, em verdadeira vigília. Talvez estejamos ocupados demais com o sensacionalismo da mídia, com as novidades e as especulações de uma renúncia ou ainda com a curiosidade do conclave, sendo que por vezes tomamos para nós a ação que é própria do Espírito Santo (em primeiro lugar) e dos cardeais: escolher um novo papa. Com tantas coisas que nos circundam atualmente, é preciso verificar se o nosso coração não está “vacante” de fé, de esperança cristã e de caridade apostólica. Ah, como seria diferente se ao vivenciarmos a vacância da Sé de Pedro, preocupássemos com a “vacância” da nossa fé, preocupássemos com a nossa fidelidade à Igreja, de modo especial, à pessoa do Sumo Pontífice!
A Sé de Pedro estará ocupada em breve, e não estará mais vacante. Contudo, se a nossa fé na Igreja, nos sacramentos, ou ainda a nossa obediência ao sucessor de Pedro estiver vacante, veremos um pontífice guiar a Barca de Pedro quase solitário, ou ainda pior: por vezes quase impedido de guiá-La. Por quê? Porque para muitos a fé é um mero artefato social que promove a solidariedade, a paz e a concórdia, onde não há espaço para as doutrinas e para a ortodoxia, onde tudo é relativo. Se assim o for, qual é, portanto, a importância da fé?
O Papa Bento XVI em sua mensagem para a Quaresma de 2013 nos ensina:
“Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor de Cristo chegue à sua plenitude. Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e existencial à doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o Espírito Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano”. (grifo nosso).
Buscamos uma fé autêntica, consciente. Fé esta que pressupõe a nossa liberdade. Mas ao dar o livre assentimento à Verdade é preciso ter também fidelidade. Sem a verdadeira fidelidade a Cristo, por meio da Igreja que Ele mesmo instituiu, a fé encontra-se sobre a areia do nosso comodismo e do imediatismo das nossas vontades. Sendo assim, encontra-se o nosso coração vago de Deus cada vez que rejeitamos a doutrina de Sua Igreja, cada vez que damos ouvidos somente às nossas vagas opiniões em detrimento da Verdade.
Nesta quaresma, sejam também as nossas orações pelo bem da Santa Igreja, do papa Bento XVI e pelos padres cardeais, os quais têm um importantíssimo papel neste grave momento da nossa história, para que assim sejamos verdadeiros católicos, seguidores de Pedro, aquele a quem Cristo deu as Chaves e sobre o qual edificou a Igreja. Oremos pela nossa fidelidade à Verdade, por nossa fidelidade à Igreja de Jesus.
Fé e amor, pois, a Deus em Jesus no Espírito Santo, a Maria Santíssima – nossa Mãe e Mestra - e à Igreja que nos conduz à Pátria Definitiva!
Enquanto vivenciamos a Sede Vacante, pedimos o auxílio do Santo Espírito, para dissipar a “vacância” da fé e do amor à Igreja que existe em nós. Rezemos para que, quando aclamarmos jubilosos o habemos papam², aclamemos de tal modo também: Habemus fidei in veritate!³
Enquanto vivenciamos a Sede Vacante, pedimos o auxílio do Santo Espírito, para dissipar a “vacância” da fé e do amor à Igreja que existe em nós. Rezemos para que, quando aclamarmos jubilosos o habemos papam², aclamemos de tal modo também: Habemus fidei in veritate!³
Luan Carlos Oliveira
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1 - Sede Vacante ou Sé Vacante (Vacância da Santa Sé), corresponde ao período entre a morte de um papa (ou renúncia) e a eleição de outro. Em termos mais simples, corresponde ao período em que a Igreja fica sem ter um papa.
2 - Habemus Papam é um texto lido por um cardeal (protodiácono) anunciando a eleição de um novo papa. Habemus papam corresponde a "Temos papa" e português.
3 - Traduza-se como: "Temos fé em verdade".
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